segunda-feira, 12 de abril de 2010

Quando me vi fora do corpo.



Ocorreu quando morava no bairro do Henrique Jorge, em Fortaleza, início dos anos zero.
Havia um barulho que vinha da rua, o que não estava me deixando dormir. Desta forma migrei para o quarto mais isolado da casa, era muito mais silencioso e calmo. Fechei a porta e me deitei numa rede que havia por lá, logo adormeci.  
Tempos depois fui acordado bruscamente por um vento forte que fez com que a porta se abrisse subitamente. Acabei por acordar assustado. Levantei a cabeça para ver do que se tratava. Fui até lá e fechei-a, encaixando bem o ferrolho. Bocejei e dei uma espreguiçada  nos braços, pensei: “Voltarei a dormir”.  
Caminhei até a rede quando me veio à grande surpresa, havia alguma coisa dentro dela. Foi um tremendo choque, parecia um grande saco de cimento. Criei coragem e me aproximei pra ver do que se tratava. O choque foi bem maior, pois o que eu via era meu próprio corpo estático.
Foi dura a minha conclusão, acreditei naquele instante que estaria morto. Fiquei desesperado, pensando nas inúmeras coisas que ainda teria que fazer nesta vida, assim como no sofrimento dos meus parentes, um incômodo sentimento.
O instinto me fez tentar reverter aquela situação. Tudo muito difícil. O que me veio a fazer, de forma intuitiva, foi a de tentar voltar ao meu próprio corpo. Fechei os olhos e num salto entrei na rede, deitando sobre mim mesmo; fiz vários movimentos em total desespero. Tudo durou pouco tempo, embora parecesse uma eternidade. Até que comecei a sentir uma dormência que começava nos braços e se espalhava pelo corpo. Senti muitos arrepios e, mesmo com grande receio, abri os olhos. Suspirei aliviado, pois só havia um corpo vivo, voltei a mim mesmo. Bem vivinho, graças a Deus, como agradeci a esse Ser supremo.
 A experiência foi traumática, o que me deu margem  para ver que em nosso mundo existem muitas possibilidades, que muitas delas não sabemos explicar, mas que nos obriga a sempre a pensar e conviver com elas.

Um comentário:

Janaína Bento disse...

Muito profundo.