terça-feira, 8 de maio de 2012

O ESPÍRITO DE MOACIR CONVERSOU COMIGO EM MEU EMPREGO



Acabara de chegar ao trabalho, havia acordado muito cedo e o trânsito estava muito complicado.  Em minha mesa liguei o computador para conferir as notícias do dia na internet. Nada que chamasse a atenção. Olhei para os lados e vi que alguns colegas já estavam trabalhando ou lanchando. Dei aquela bocejada ainda sonolento. 
Não havia percebido antes, mas o espírito de Moacir estava ao meu lado. Talvez quisesse ensinar algo, como em outras ocasiões. Mas eu estava meio desligado, nem sei se estava a fim de aprender algo naquele instante. De qualquer forma me bateu a curiosidade de saber o que passava em sua cabeça naquele instante:
- Fala meu irmão Moacir... Percebo que está pensativo... -provoquei-o e ele tão repentinamente já me veio com uma pergunta, como do seu jeito:
- Bom dia, Irmão Régis. Responda-me uma coisa... Qual a religião correta para a humanidade? -tomei um baita susto, pois sabia que ele se encontrava numa escala superior e teria mais respostas que perguntas neste assunto.
- O quê que é isso...? Se você não sabe imagina eu, que sequer frequento igrejas. E não creio que alguém saiba direito.
-Essa tua máquina eletrônica, que nunca tá longe de você e que te tira todas as tuas dúvidas não tem a resposta?  -a primeira coisa que me veio à cabeça foi: “Este espírito enlouqueceu ou precisa trocar de lâmpada de sua luz”, mas mantive a calma e tentei ser o mais atencioso possível.
- Responda meu irmão... – ele insistiu e embora eu achasse ilógica a pergunta, justo para mim, resolvi fazer como se fosse uma tarefa de trabalho.
- Tudo bem... Vou acessar o Google. – lá eu digitei a pergunta, obtendo 1.600.000 resultados em 0,21 segundos apenas. Havia todos os tipos de respostas.
- São muitas respostas, não sei qual sinceramente...
- Adote uma... – há, ele estava me testando, pode crer...
- Bem, achei convincente a católica que mostra a passagem de Mateus em que Cristo pede que ele edifique a sua Igreja. Acho que é uma boa pista para a humanidade.
- Esta é verdadeira.
- Mas os crentes dizem que esse não é o significado correto. – retruquei após observar outro site.
- As verdades deles são outras que não deixam de serem verdadeiras, tem que ser respeitadas... E muito.
- Assim você me confunde... E eu se fosse você não defendia tanto os crentes, pois para eles você não passa de um demônio arruaceiro.
- Há, há, há... Quem não tem os seus demônios? Seja o chefe do trabalho, o cachorro bravo na esquina, o torcedor do time rival, a oposição de um governante. Uma questão de ponto de vista. Você mesmo deve ser o demônio de alguém, já percebeu? E Deus deu oportunidade da existência de todos. Se ele quisesse não os teria dado nada neste mundo.
- Sim, e você tá neste lado de esclarecimentos, qual é a religião seguida por aí?
- De certa forma a discussão começa aí, não pense que vai tá tudo resolvido por aqui como por mágica. Ou você pensa que a morte simplesmente acaba com qualquer dúvida? Claro que não, mas te afirmo o poder de renascer em outro plano ajuda muito na compreensão dos fatos. Por aqui novas dúvidas até surgem, entretanto o caminho a seguir torna-se mais palpável para as respostas.
- Mas o Deus é o mesmo pra todos, não importa o nome. E Jesus? Nem todos o aceitam.
- Sim, Deus é o equilíbrio de tudo que existe. Jesus é umas das principais vias para enxergarmos a força de Deus melhor. Em outras palavras te digo que muitos precisam de Jesus para encontrar a sua comunicação com Deus. Entende a grande importância de Jesus para a humanidade?
E dando seguimento, procura na tua máquina eletrônica o significado de Religião.
- Momento, Moacir... Aqui diz que RELIGIÃO deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação" com o divino.
- É como se um fio da tua máquina eletrônica tivesse desligado para o funcionamento e um técnico, o seu "Jesus", resolvesse o problema. Assim concertado você acessaria o mundo e encontraria a resposta das tuas dúvidas. Para chegar ao conhecimento com Deus é parecido.
Olhei para o relógio e vi que o horário de trabalho já estava rolando. Tinha algumas coisas pra resolver, mesmo assim quis provocar mais Moacir.
- Bem, gostei da lição. Fala-me mais de... –neste momento fui interrompido instantaneamente por Moacir que não me deixou concluir.
- A próxima lição é: Você precisa trabalhar agora, trabalhar mesmo. Tem coisas importantes pra resolver. Esta é uma missão que dará suporte a outras tantas. E não perca muito tempo banalizando o face e MSN, senão os teus demônios poderão te cobrar mais adiante.
- Engraçadinho... Você até que tá bem informado das nossas tecnologias e seus vícios. Mas tudo bem, afinal alguém precisa mesmo trabalhar por aqui.
- Sabemos mais do que você imagina, ainda falaremos do assunto... Não vou te atrapalhar agora. Fica com Deus.
- Você também. Vamos aos desafios do dia.
Quando olhei para os lados ele havia sumido, mas é sempre assim. Nunca avisa quando virá e vai quando gostaria que ficasse. E como sempre as suas perguntas estão arraigadas a minhas dúvidas, sempre minhas, acredito que nunca as dele.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

RELATO DE MINHA VIAGEM A UM MUNDO ESPIRITUAL DESCONHECIDO



Eram oito horas da noite quando cheguei a minha residência, ninguém me esperava o que já fazia parte de minha rotina. As pessoas com quem relacionei me maltrataram além do que pude suportar, desisti de ser podado pelo egoísmo de terceiros e pela falta de um amor palpável.  Foi desta forma que criei minha própria cela, desta vez moldada pelo silêncio e pela solidão; pelo menos se acabaram as tensões diárias de esperar que a próxima acusação saltasse em minha frente para me roubar o pouco da paz que teimava em cultivar.  

Um grande temporal caía naquela noite, parecia que o mundo estava desabando. Totalmente encharcado encostei o guarda-chuva e adentrei ao meu apartamento. A luz me abandonara naquela noite, me fazendo queimar pavios em parafinas para me fazer enxerga os caminhos e as barreiras que me cercavam. Apesar das dificuldades consegui cumprir as devidas etapas e me encontrar deitado ao som de trovões e flashes disparados pela natureza, estava me preparado para o ritual do sono. Acabei dormindo serenamente, tranquilo em não sentir falta do tradicional beijo de boa noite.

Logo comecei a sonhar com uma grande fazenda onde reinava o verde e o perfume de flores que se espalhava nos campos; e tem gente que teima em dizer que em sonhos não existem cheiros, pelo menos comigo a afirmação não confere. Não encontrei animais presos, todos livres e sob uma luz que deixava uma nitidez incomparável naquilo que enxergava. Senti um bem estar impressionante e por horas caminhei sem sentir cansado. Cada canto da fazenda trazia uma bela surpresa para mim. Só não avistava ninguém que fosse. Subi em um pequeno monte e vi a grandeza do terreno que se perdia de vista, muitas árvores, riachos e um céu de um azul inimaginavelmente límpido. Tudo diferente da realidade chuvosa daquela noite.

Em minha busca visual avistei uma casa que me chamou atenção e me vez ir a sua direção numa força energética que me atraía e me deixava arrepiado. Caminhei até sua porta que estava aberta, assim como suas várias janelas e demais entradas. Bati palmas, sendo recebido por um alegre cachorro que parecia ser familiar que balançava o rabo como me convidando para entrar, tive impressão que eu era seu conhecido. Esperei um pouco e acabei adentrando com o aval e insistência do cãozinho. Caminhei sentindo uma paz que só me fazia bem e que me fazia sentir como no próprio lar, minha mente começou a me martelar para me fazer lembrar-se de onde eu conhecia aquele local; não consegui lembrar por mais que esforçasse.  Andei pela casa sendo seguido pelo cachorro que de tempos me lambia de felicidade, isso não me incomodava, só me contagiava. Entrei em um corredor que possuía vários quartos com as portas abertas. Uma ventilação incrível me convidava a ficar. Nem de longe a solidão me incomodava.

Descobri que havia uma porta fechada, o cachorro parou olhando para maçaneta e para mim com um latido. Entendi que queria que abrisse e entrasse. Foi o que fiz.  Virei à maçaneta e entrei no quarto que estava escuro com suas janelas fechadas. Não enxergava nada; interessante que eu sabia exatamente onde estava o lampião sobre uma escrivaninha. Risquei o fósforo e acendi o lampião que iluminou todo ambiente. Fui olhando para o quarto e tomei um grande susto. Vi um rapaz sentado na cama ao lado de alguém deitado e coberto nos lençóis que dormia.  O rapaz era branco de cabelos curtos e olhos castanhos claros; pouco forte e aparentava ter uns 25 anos. Ele ficou me fitando e começou a chorar, aquilo me contagiou, pois deu vontade imensa de chorar também e muitos calafrios saiam do meu copo. Parecia que o choro me fazia bem e a emoção foi intensa. Tentei caminhar em sua direção, mas minhas pernas não me obedeciam. Fiz um grande esforço relutando pelo  obstáculo imaginário, quando aumentava a vontade imensa de falar com aquela pessoa. Continuava a chorar, como não pudesse fazer nada para me ajudar. Mas ambos queriam estar mais próximo. Decidi que iria de qualquer forma e para isso solicitei uma energia divina possível. Fiz um esforço tão grande que acabei caindo no chão. Ali fiquei paralisado sem conseguir mexer nada em meu corpo por mais que se esforçasse. Logo notei que alguém estava me ajudando a levantar-se. Vi que estava sendo carregado até a cama onde fiquei deitado. Olhei para cima e vi o rapaz da visão de braços estendidos sobre mim, ele estava sereno. Vi perfeitamente luzes azuis saindo de suas mãos em minha direção. Sem ter controle de nada fui adormecendo, mas um grande estrondo me assustou terrivelmente, vi que o lampião se apagara, assim como a luz nas mãos do rapaz; agora era só escuridão. Continuei estático na mesma posição até que se acendeu uma luz, foi quando observei que a energia elétrica voltara e que eu estava em meu quarto. Mais um estrondo, foi quando conclui que se tratava de mais um trovão. Estava acordado e a chuva estava acabando. Olhei para o relógio e vi que só havia dormido quinze minutos.

Posso dizer que depois desta viagem astral a minha vida não passou por grandes mudanças, entretanto me veio a certeza de que existe em algum lugar algo muito importante para além, algo que nos esperam e que um dia trará a razão verdadeira de nossa existência.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscar 2012, cadê o meu ossinho?

O Brasil, que anualmente ajuda a engordar generosamente os cofres Hollywoodianos através de um público fantástico, é sempre posto de lado da hora da festa do Oscar. E quase sempre de forma injusta.
A nossa principal estrela, a nossa grande dama do teatro e da televisão Fernanda Montenegro, foi humilhada há tempos atrás diante dos olhares do mundo, ao ser preterida por uma iniciante de talento não muito expressivo. E a Fernandinha estava fantástica. Na mesma festa deixaram de lado um dos melhores filmes da história do cinema, que na época encantou o mundo, no caso “Central do Brasil”. Mas outros episódios semelhantes ocorreram na história, tanto que um Oscar jamais aportou por estas bandas, e talento e merecimento tivemos diversas vezes.
O caso do Carlinhos Brown neste ano foi apenas mais um dentre outros que ocorreram e que ainda ocorrerão.
A impressão que tenho é que somos tratados como um cãozinho viralata de orelha baixa, que fica no cantinho da parede a observar a hora da distribuição do filé, se contentando com um iminente osso a ser jogado, o que nunca acontece.
Será que merecemos isso? O Assunto é mesmo para ser repensado tanto pelos que fazem cinema por aqui como os que consomem.
Acho que está mais que na hora do brasileiro reagir para ser respeitado. Não dá mais pra aceitar essa embromação de se dizerem que somos algo grande espetacular, mas que a hora H tenha o nosso tapete puxado.
Temos que exigir mais espaços e eles precisam saber que somos imprescindíveis no mercado a que eles interessam. Quantos DVD’s e entradas são vendidos por aqui anualmente? Pode ter certeza que não é coisa pouca não, são milhões de dólares que zarpam para os Estados Unidos. Será que não devemos dar importância ao caso? E o nosso orgulho, onde fica? Quando teremos a coragem de nos engajarmos numa campanha audaciosa? Algo precisa ser feito, e urgentemente...