quinta-feira, 19 de abril de 2012

RELATO DE MINHA VIAGEM A UM MUNDO ESPIRITUAL DESCONHECIDO



Eram oito horas da noite quando cheguei a minha residência, ninguém me esperava o que já fazia parte de minha rotina. As pessoas com quem relacionei me maltrataram além do que pude suportar, desisti de ser podado pelo egoísmo de terceiros e pela falta de um amor palpável.  Foi desta forma que criei minha própria cela, desta vez moldada pelo silêncio e pela solidão; pelo menos se acabaram as tensões diárias de esperar que a próxima acusação saltasse em minha frente para me roubar o pouco da paz que teimava em cultivar.  

Um grande temporal caía naquela noite, parecia que o mundo estava desabando. Totalmente encharcado encostei o guarda-chuva e adentrei ao meu apartamento. A luz me abandonara naquela noite, me fazendo queimar pavios em parafinas para me fazer enxerga os caminhos e as barreiras que me cercavam. Apesar das dificuldades consegui cumprir as devidas etapas e me encontrar deitado ao som de trovões e flashes disparados pela natureza, estava me preparado para o ritual do sono. Acabei dormindo serenamente, tranquilo em não sentir falta do tradicional beijo de boa noite.

Logo comecei a sonhar com uma grande fazenda onde reinava o verde e o perfume de flores que se espalhava nos campos; e tem gente que teima em dizer que em sonhos não existem cheiros, pelo menos comigo a afirmação não confere. Não encontrei animais presos, todos livres e sob uma luz que deixava uma nitidez incomparável naquilo que enxergava. Senti um bem estar impressionante e por horas caminhei sem sentir cansado. Cada canto da fazenda trazia uma bela surpresa para mim. Só não avistava ninguém que fosse. Subi em um pequeno monte e vi a grandeza do terreno que se perdia de vista, muitas árvores, riachos e um céu de um azul inimaginavelmente límpido. Tudo diferente da realidade chuvosa daquela noite.

Em minha busca visual avistei uma casa que me chamou atenção e me vez ir a sua direção numa força energética que me atraía e me deixava arrepiado. Caminhei até sua porta que estava aberta, assim como suas várias janelas e demais entradas. Bati palmas, sendo recebido por um alegre cachorro que parecia ser familiar que balançava o rabo como me convidando para entrar, tive impressão que eu era seu conhecido. Esperei um pouco e acabei adentrando com o aval e insistência do cãozinho. Caminhei sentindo uma paz que só me fazia bem e que me fazia sentir como no próprio lar, minha mente começou a me martelar para me fazer lembrar-se de onde eu conhecia aquele local; não consegui lembrar por mais que esforçasse.  Andei pela casa sendo seguido pelo cachorro que de tempos me lambia de felicidade, isso não me incomodava, só me contagiava. Entrei em um corredor que possuía vários quartos com as portas abertas. Uma ventilação incrível me convidava a ficar. Nem de longe a solidão me incomodava.

Descobri que havia uma porta fechada, o cachorro parou olhando para maçaneta e para mim com um latido. Entendi que queria que abrisse e entrasse. Foi o que fiz.  Virei à maçaneta e entrei no quarto que estava escuro com suas janelas fechadas. Não enxergava nada; interessante que eu sabia exatamente onde estava o lampião sobre uma escrivaninha. Risquei o fósforo e acendi o lampião que iluminou todo ambiente. Fui olhando para o quarto e tomei um grande susto. Vi um rapaz sentado na cama ao lado de alguém deitado e coberto nos lençóis que dormia.  O rapaz era branco de cabelos curtos e olhos castanhos claros; pouco forte e aparentava ter uns 25 anos. Ele ficou me fitando e começou a chorar, aquilo me contagiou, pois deu vontade imensa de chorar também e muitos calafrios saiam do meu copo. Parecia que o choro me fazia bem e a emoção foi intensa. Tentei caminhar em sua direção, mas minhas pernas não me obedeciam. Fiz um grande esforço relutando pelo  obstáculo imaginário, quando aumentava a vontade imensa de falar com aquela pessoa. Continuava a chorar, como não pudesse fazer nada para me ajudar. Mas ambos queriam estar mais próximo. Decidi que iria de qualquer forma e para isso solicitei uma energia divina possível. Fiz um esforço tão grande que acabei caindo no chão. Ali fiquei paralisado sem conseguir mexer nada em meu corpo por mais que se esforçasse. Logo notei que alguém estava me ajudando a levantar-se. Vi que estava sendo carregado até a cama onde fiquei deitado. Olhei para cima e vi o rapaz da visão de braços estendidos sobre mim, ele estava sereno. Vi perfeitamente luzes azuis saindo de suas mãos em minha direção. Sem ter controle de nada fui adormecendo, mas um grande estrondo me assustou terrivelmente, vi que o lampião se apagara, assim como a luz nas mãos do rapaz; agora era só escuridão. Continuei estático na mesma posição até que se acendeu uma luz, foi quando observei que a energia elétrica voltara e que eu estava em meu quarto. Mais um estrondo, foi quando conclui que se tratava de mais um trovão. Estava acordado e a chuva estava acabando. Olhei para o relógio e vi que só havia dormido quinze minutos.

Posso dizer que depois desta viagem astral a minha vida não passou por grandes mudanças, entretanto me veio a certeza de que existe em algum lugar algo muito importante para além, algo que nos esperam e que um dia trará a razão verdadeira de nossa existência.

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